sábado, 31 de maio de 2008

Abandonando o barco

Quando os partidos políticos foram pensados a idéia era de que homens se reunissem para formar uma espécie de associação onde uma das coisas mais importantes seria exatamente partilhar idéias, projetos. Desde os primeiros momentos que surgiram partidos contrários, pois, desde que o mundo é mundo sabemos que o crescimento vem com a contradição e a divergência. No Brasil passamos muito tempo com apenas dois partidos mas, logo depois da abertura política, isso mudou. Hoje são 27 no país, o que alimenta a Democracia. O que não se esperava era que o partido brigasse com os próprios membros.
Ou pelo menos que essa briga fosse tão grave que mexesse com a estrutura do próprio partido. Mas, mesmo assim, as lideranças dentro desses partidos ainda conseguem uma certa harmonia para continuar na luta por cargos políticos e participação nas decisões do país. No entanto, quando o homem tenta se sobrepor às idéias do partido, quando um único homem pensa que pode deixar de lado o pensamento do coletivo para se por como centro de todas as discussões e decisões, então, o crescimento não acontece. Dessa maneira, o partido deixa de ser instrumento de união.
Observamos que isso aconteceu com Fernando Collor de Melo que pensou não precisar mais de ninguém assim que se elegeu e deixou de lado a discussão partidária partindo para o individualismo. Logo foi retirado do cenário político. Hoje, um dos homens que se mostrou seu adversário de primeira hora parece seguir pelo mesmo caminho. Assim como Fernando Collor de Melo, Lindberg Farias está deixando de lado as lideranças que o elegeram. Não se importa com os partidos aliados, nem com o próprio PT a quem desdenha sempre que pode. Assim como Collor, se coloca acima do bem e do mal não ouvindo ninguém e agindo como se sozinho pudesse governar uma cidade como Nova Iguaçu.
Os últimos três anos têm demonstrado que essa prática é um fiasco. Muita gente percebeu isso mas o rapaz continua insistindo na estratégia de eliminar os próprios correligionários. Não valoriza pré-candidatos que poderiam somar com ele em uma futura Câmara. Como um vendaval, manda para longe nomes importantes na política da cidade como o do presidente do PSDB, Maurilio Manteiga. Há poucos dias Maurílio se retirou do governo e com ele sua base aliada. Antes, Lindberg já tinha perdido o DEM de Rogério Lisboa. Tentou uma aliança com o PTB na cidade, a quem já havia traído. Não conseguiu, foi buscar a regional, que ainda não conhece o seu jeito de eliminar aliados.
Mas, o prefeito se esqueceu de que partidos são feitos com homens e não com um único deles. Os pré-candidatos do PTB em Nova Iguaçu não gostaram da aliança. Afinal, já se deram conta de que Lindberg não cumpre acordos, não respeita a idéia de outros, pensa que é Deus, mesmo não acreditando nele (afinal o prepotente não pode acreditar que exista uma força maior que a dele). Alguns pré-candidatos de outros partidos aliados como o próprio PCdoB, também já se demonstram insatisfeitos. Lindberg acredita que pode ganhar a eleição apenas indo para as ruas e mentindo para as pessoas como fez na primeira vez. Só que, na primeira vez, tinha um exército de outros homens que alimentavam suas mentiras.
Agora, esses homens perceberam que também foram enganados. "Você pode enganar poucas pessoas durante pouco tempo mas não consegue enganar muitas pessoas durante muito tempo". Se fosse um artista de televisão talvez Lindberg durasse para sempre nas telas que vivem de ilusão. Mas, o mesmo não acontece na política. Assim como Collor, Lindberg vai acabar sozinho. Quem sabe, um tempo fora do cenário como aconteceu com o próprio Collor o faça crescer a aprender o princípio básico de todos os outros sentimentos que é o respeito. E ai, talvez, possa se tornar um político de verdade.




Petista incendeia disputa eleitoral

Oposição quer o afastamento e inelegibilidade do prefeito de Cabo Frio, por suposta compra de apoio político.


A Procuradoria Regional Eleitoral vai aguardar o laudo pericial da fita apresentada pelo Ministério Público Estadual para decidir sobre a denúncia de suposta compra de apoio, feita ao promotor Marcelo Marques pelo militante do PT, Abílio Cesar Bernardino contra o prefeito de Cabo Frio, Marquinhos Mendes (PSDB). A fita foi gravada pelo próprio denunciante, que, contou, teve dois encontros com o prefeito antes da convenção do último dia 25, na qual o diretório municipal do PT decidiu que apoiaria a candidatura de Marquinhos a reeleição.

O resultado da perícia poderá ser divulgado ainda essa semana. O procurador eleitoral, Rogério Nascimento, não confirmou se abriu inquérito para apurar o caso, mas a expectativa entre os partidos que fazem oposição ao prefeito é de que a promotoria eleitoral peça ao TRE a inelegibilidade de Marquinhos e, possivelmente, até o afastamento dele, sob a alegação de que estaria usando a máquina administrativa para colher dividendos político-eleitorais.

O comando do PDT no município já deixou claro que poderá representar na Justiça pedindo que o prefeito seja afastado, até que o caso seja esclarecido. A TRIBUNA DA REGIÃO tentou falar com o prefeito sobre o assunto, mas através de sua assessoria Marquinhos declarou que só vai falar a respeito depois que for comunicado oficialmente pelo Ministério Público da abertura de inquérito.

Abílio conversou, pelo telefone, com o jornalista Elizeu Pires e confirmou que esteve com o prefeito duas vezes. A primeira foi no dia 17 de maio, quando teria ouvido propostas de benefícios em troca de apoio político a Marquinhos. "No primeiro encontro eu ouvi as promessas do prefeito e depois fui para casa pensar. Isso foi num sábado. No dia 20, uma terça-feira voltei a me encontrar com ele e fui preparado para gravar a conversa, pois sabia que ele voltaria a me fazer propostas. Minha intenção era colher provas e denunciar tudo ao Ministério Público", afirmou Abílio que atualmente trabalha na construção civil, fazendo pequenas empreitadas.

Abílio disse quem tem medo de sofrer represálias, mas afirmou que ainda não havia recebido nenhuma ameaça. "Tenho medo de morrer como todo mundo, mas vou voltar para Cabo Frio, pois é lá que eu vivo", disse. Entretanto ele passou a última semana no Rio. Ele confirmou que o prefeito lhe ofereceu R$ 5 mil mensais, ajuda para uma obra em sua casa, 10 cargos de R$ 450 para o seu grupo de apoio e ainda dobrar o salário de sua esposa, que trabalha como auxiliar numa escola da rede municipal e recebe R$ 500 por mês.

PT acha acordo normal


Membro do Partido dos Trabalhadores há 23 anos, Abílio não tem nenhum cargo na direção do PT. "Sou apenas um militante e não fui ao encontro do prefeito para negociar em nome do PT. Fui lá, como já disse, para colher provas de compra de apoio e depois fazer a denúncia ao Ministério Público", afirmou.

Para o presidente do diretório municipal do Partido dos Trabalhadores, Paulo Henrique Mata Machado, a distribuição de cargos em troca de espaço no governo é comum. "Essa situação é desagradável, mas não ilegítima. É uma prática com de todos os partidos. O oferecimento de cargos já se tornou tradição na política brasileira", afirmou.






quarta-feira, 28 de maio de 2008

"Envilecendo"

"Envilecendo". Que o leitor não se assuste, mas este é o processo que está acontecendo em Nova Iguaçu, onde o jovem paraibano Lindberg Farias começa a "envilecer" aos olhos da imprensa. Vilania é a natureza do vilão, adjetivo muito comum de se ler em reportagens sobre personagens de novela. Mas, neste caso, trata-se de um jovem de origem de família de classe média alta e que chegou ao poder com o discurso da moralização e da transparência. Pouco mais de três anos após a sua ascensão como prefeito, Lindberg se vê no meio de denúncias sobre malversação do dinheiro público, formação de quadrilha, pagamento de propinas e desvios de dinheiro público, caracterizando-se assim um vilão da política.

Comportando-se como se comportam aqueles que acreditam ser os detentores da moral e da ética, como se elas estivessem registradas em seus respectivos nomes em "cartórios de registros", Lindberg Farias fez do seu "Plano de Governo" o seu primeiro "hábeas corpus" nessa trama. Nele, o item da transparência de sua gestão ganha destaque. O documento afirma que qualquer cidadão iguaçuano teria direito às informações sobre a administração pública. Mas, depois que foi eleito e montou a sua trupe na Câmara, determinou que seus aliados votassem contra a qualquer requerimento de pedido de informações pela oposição. Sequer cumpriu sua promessa de colocar os dados disponíveis na Internet. Recorreu contra a abertura de pelo menos seis CPIs e durante sua gestão pouco prestou contas à Câmara e à população iguaçuana.

Esse "arauto da moralidade" também tem as suas técnicas de defesa. A mais utilizada é a de tentar desqualificar adversários, sejam políticos ou jornalistas que não se curvam aos seus caprichos. Silencia sobre as denúncias que recheiam páginas de jornais e revistas com escândalos escabrosos. Corre como um menino minado e se diz atacado por "opressores das oligarquias". Faz discurso para platéias escolhidas e divulga eventos para formar as suas claques. Assim acredita ter a paternidade da moral e da ética.

Um jovem que poderá se tornar, caso as investigações concluam essas dezenas de denúncias como afirmativas, mais um velhaco que se locupletou do dinheiro público. E assim será envilecido por suas próprias ações.






Sinal de alerta em Cabo Frio

Advogados de diretórios partidários em Cabo Frio estão atentos a qualquer pesquisa de intenção de votos que seja divulgada pelo grupo do deputado Alair Corrêa nos próximos dias. Um deles confidenciou ao blog, ter sido avisado de que uma consulta estaria sendo “preparada” para ser veiculada possivelmente ainda essa semana. Disse que se isso acontecer vai pedir uma investigação ao Ministério Público Eleitoral, a exemplo do que já foi feito em Rio das Ostras, onde o advogado do PR, Alam Macabu, recorreu à Justiça e conseguiu frear a divulgação de uma pesquisa encomendada pelo PSC.

Em Cabo Frio, onde a Justiça Eleitoral está sendo rigorosa para coibir possíveis abusos – tendo, inclusive, multado jornais e tirado do ar programas de rádio que de uma forma ou outra beneficiava pré-candidatos – todo cuidado é pouco, pois trata-se de uma das 10 cidades que mais recursos dos royalties recebe, fator que aumenta a disputa pelo poder.

De acordo com um advogado, pelos menos dois diretórios foram alertados sobre a possibilidade de uma pesquisa montada seja divulgada. “Não creio que um instituto sério se preste a isso, pois deporia contra a credibilidade da instituição, mas numa disputa política acirrada como a que já acontece por aqui, algum engraçadinho pode acabar fazendo uma besteira e cometer absurdos para agradar ao patrão, jogando lama na reputação de órgãos sérios”, disse o advogado.

Sem o PT

E por falar em Cabo Frio o PT local havia decidido, em convenção, somar com o PSDB e apoiar a candidatura do prefeito Marquinhos Mendes a reeleição. Uma decisão do diretório nacional acabou com a festa. Alair está comemorando até agora, mas, dizem por lá, “não será por muito tempo”.

Sem o PSDB

Já no município de Nova Iguaçu é o PSDB que não quer o PT do prefeito Lindberg Farias. Tudo indica que os tucanos marcharão com o PMDB do deputado Nelson Bornier.

E o PDT?

Ainda sobre Nova Iguaçu vale dizer que o prefeito Lindberg Farias está experimentando um pouco do próprio veneno. Tantas fez oferecendo a vaga de vice para um e outro que o PDT, mesmo depois de Lindberg ter confirmado, em público, com festa e tudo, que a deputada Sheila Gama é a escolhida, ameaça pular do barco. Isso ficou claro numa visita de “cortesia” que o “dono” do PDT, Aluizio Gama, fez ao ex-governador Marcello Alencar, tentando um acordo com o PSDB em benefício da esposa.






domingo, 25 de maio de 2008

Agora só falta o nome do “santo”

O mar de lama em que a administração petista - comandada por Luiz Lindberg Farias Filho e pelos subcomandantes Fausto Severo Trindade, Francisco José de Souza (Chico Paraíba), Stela Aranha, Antonio Neiva e outros - mergulhou Nova Iguaçu, está sendo revirado por uma força-tarefa integrada por promotores de Justiça e policiais civis. Na semana passada o procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, durante uma reunião do Conselho Superior do Ministério Público, afirmou que sabe quem usou o nome dele para pedir uma propina de R$ 60 mil na Prefeitura. Para colocar as coisas em pratos limpos Marfan vai ter de apresentar denúncia contra o corrupto e o corruptor e submetê-los ao rigor da Justiça.

O nome do procurador surgiu a partir de uma declaração de Jaime Orlando, ex-presidente da Comissão de Licitação da Prefeitura e amigo pessoal de Lindberg Farias. Numa gravação, que já se encontra em poder da promotoria e revelada pela revista “Isto É”, Jaime afirmou: “- Estou chateado com essa história do Renato. Me fez correr atrás, desesperado, de R$ 60 mil, no mesmo dia, dizendo que era para o Marfan. Eu me preocupo porque o meu processo está lá. Se eu deixar, o Lindberg não acompanha. Ele me disse que está tudo sob controle...”

O Renato ao qual Jaime se refere tem o sobrenome Colocci, é o secretário particular de Lindberg e continua trabalhando normalmente, como se nada tivesse acontecido.

Sob pressão

Ainda essa semana o Ministério Público deverá receber mais uma denúncia grave sobre o uso da máquina administrativa em favor de candidatos a cargos eletivos em Nova Iguaçu. Essa será apresentada por integrantes do programa Projovem.

Alguns deles reclamam que estão sendo obrigados a falar bem de um pré-candidato a vereador pelo PT, ao qual eles têm de entregar uma lista com pelo menos 10 nomes para apoiar do dito cujo. A batata desse moço, certamente, vai assar...

A promotoria também deverá investigar outra denúncia grave: os postos do Programa Saúde da Família não estariam recebendo medicamento há pelo menos dois meses, mas o mesmo não acontece nos centros sociais mantidos por vereadores do bloco de sustentação do prefeito Lindberg Farias.






De cara na porta

Há dois meses os políticos de Nova Iguaçu foram surpreendidos com a notícia de uma aliança entre o PT e o PDT, costurada pelo ex-prefeito e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Aluizio Gama, visando garantir, para a deputada Sheila Gama, a vaga de vice na chapa do prefeito Lindberg Farias, que vai disputar a reeleição pelo PT.

Na semana passada uma outra noticia movimentou os bastidores da política iguaçuana: Aluizio Gama teria procurado o ex-governador Marcello Alencar, cacique maior do PSDB, buscando um acordo para lançar a esposa como candidata a prefeita, tendo um tucano como vice, possivelmente o ex-vereador Maurílio Manteiga.

Aluizio ficou preocupado com as denúncias de irregularidades na Prefeitura, com o suposto esquema de corrupção e quer uma outra alternativa para a sua esposa, mas ele não conseguiu nada com o Dr. Marcello.






sábado, 24 de maio de 2008

Homens de bem

Para que, afinal, serve uma Câmara de Vereadores? Sei que esse assunto não é dos mais inéditos. Em algum momento, de alguma maneira, já ouvimos falar nele. Mas, mesmo assim, parece que a maioria ainda não entendeu bem para que serve uma Câmara de Vereadores. Principalmente, em Nova Iguaçu, ainda não se tem isso muito claro e pode ser um grande problema porque quando se pensa que alguma coisa não serve para nada a atitude mais lógica é se descartar dela. Então, corremos um sério perigo de se começar a questionar o princípio da Democracia que diz que os três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), são independentes.

As atitudes mais recentes da maioria dos vereadores de Nova Iguaçu mostram que essa independência não existe na prática. Os vereadores acabam reféns do prefeito uma vez que pensam depender dele para que consigam obras no seu bairro e assim captar isso para que tenham mais votos e fiquem mais tempo na Câmara. Mas, como dizia minha tia avó: "tudo tem limite". Pelo jeito, os vereadores não tiveram uma tia avó como a que eu tive. O tempo todo passam de todos os limites. A maneira como o prefeito Lindberg Farias vem se comportando ao longo do governo seria para que, no mínimo, fosse investigado pelos vereadores, o que não aconteceu até agora.

Qualquer ameaça da oposição de que isso aconteça faz com a tropa de choque da situação saia logo em defesa do seu mestre que, não consegue controlar nem os próprios instintos, mas que controla muito bem a Câmara. Com isso, a Câmara perdeu totalmente a credibilidade com a Imprensa e com a população. Jornais locais ofendem os vereadores todo o tempo sem que eles tomem qualquer atitude. Na contramão da história continuam agindo como se vivessem em uma realidade paralela. Tomam atitudes em defesa do prefeito que são quase patéticas.

Hoje, a Câmara vive em outro mundo. Aceita mensagens inconstitucionais, desrespeita até o Regimento Interno para que "o chefe" fique satisfeito e os vereadores continuam acreditando que isso não vai ter resultado nas urnas. Acreditam que o assistencialismo que praticam vai Elegê-los de novo e de novo. Por isso, está na hora dos homens e mulheres de bem demonstrarem que esse comportamento não é aceitável. Se curvar para os desejos insaciáveis de um prefeito que não pensa no povo não é papel para o Legislativo. Eles passaram de todos os limites e cabe a nós colocá-los em seu devido lugar.




quinta-feira, 22 de maio de 2008

Mais uma bronca em Nova Iguaçu

Conselheiros da Saúde querem anulação de contrato

de R$ 43 milhões com cooperativa

Abalada por denúncias de corrupção que estão sendo investigadas por uma força-tarefa composta de promotores de Justiça e policiais civis, que apuram ainda as contratações de pessoal feitas através das cooperativas Captar, Total Saúde e Multiprof, a administração municipal deverá agora ser obrigada a cancelar um contrato de mais de R$ 43 milhões assinado com a Captar Cooper.

É que membros do Conselho Municipal de Saúde decidiram recorrer à Justiça, pois entendem que a ampliação contrato foi feita de forma indevida. Eles se referem ao termo aditivo, datado de 21 de janeiro deste ano e assinado pelo ex-secretário municipal de Saúde, Henrique Johnson, que ainda não estava legalmente no cargo. Ele revelou, em e-mail ao jornalista Elizeu Pires, que só foi nomeado no dia 22 de janeiro e que de fato não poderia ter assinado o documento. O jornalista teve acesso à íntegra do termo aditivo e nele consta que a ampliação da vigência do contrato foi preparada para ser assinada pela antecessora de Henrique, Marli de Freitas, que não o fez, deixando a responsabilidade para o sucessor, que ficou apenas 46 dias no cargo.

Na opinião de alguns membros do conselho esse contrato não tem validade, pois a assinatura de Henrique não teria nenhum valor legal. “Ele não era secretário naquele dia e não poderia ter assinado o documento como tal”, disse um conselheiro, lembrando que na semana passada a Prefeitura repetiu o erro, publicando um termo de apostilamento, tirando do termo aditivo os dados de Marli Freitas, substituindo-os pelos de Henrique Johnson Buarque.


Total agora é de R$ 130 milhões



O contrato entre a Captar e a secretaria de Saúde de Nova Iguaçu tinha o valor inicial de R$ 43.415.281,20. É o de número 012-B/Semus/05 e foi assinado em 2006, na gestão da secretária Sueli Pinto, para fornecimento de mão-de-obra especializada e não especializada (médicos, dentistas, enfermeiros e pessoal de apoio) para as unidades mistas de saúde e postos de atendimento.

Um ano depois, sem licitação, o contrato foi prorrogado por mais 12 meses. O primeiro termo aditivo foi assinado no dia 17 de janeiro de 2007, pela secretária Marli de Freitas, o que elevou, automaticamente, o valor do contrato para R$ 86.830.562,40. Marli deixou a secretaria de Saúde no em janeiro deste ano e antes de sair deveria ter assinado o segundo termo, também feito sem licitação.

O documento, ao qual o blog teve acesso, foi preparado para que ela o assinasse. Como ela não o fez, seu substituto, Henrique Johnson Buarque teve de assiná-lo e o fez, embora o documento tivesse digitado com os dados de sua antecessora. Com o segundo termo aditivo o contrato ganhou mais 12 meses de vigência e a cooperativa mais R$ 43.415.281,20 de faturamento, sem que tivesse passado por um processo de licitação. Somando o valor inicial e os dois termos aditivos, o contrato está valendo atual-mente R$ 130.245.843,60.





Agora só falta o nome do “santo”


O mar de lama em que a administração petista comandada pelo aventureiro Luiz Lindberg Farias Filho e pelos subcomandantes Fausto Severo Trindade, Francisco José de Souza (Chico Paraíba), Stela Aranha, Antonio Neiva e outros, está sendo revirado por uma força-tarefa integrada por promotores de Justiça e policiais civis. Essa semana o procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, durante uma reunião do Conselho Superior do Ministério Público, afirmou que sabe quem usou o nome dele para pedir uma propina de R$ 60 mil na Prefeitura. Para colocar as coisas em pratos limpos Marfan vai ter de apresentar o corrúpto e o corruptor e submetê-los ao rigor da Justiça.

O nome do procurador surgiu a partir de uma declaração de Jaime Orlando, ex-presidente da Comissão de Licitação da Prefeitura e amigo pessoal de Lindberg Farias. Numa gravação, que já se encontra em poder da promotoria, Jaime afirmou: “ - Estou chateado com essa história do Renato. Me fez correr atrás, desesperado, de R$ 60 mil, no mesmo dia, dizendo que era para o Marfan. Eu me preocupo porque o meu processo está lá. Se eu deixar, o Lindberg não acompanha. Ele me disse que está tudo sob controle.”

O Renato ao qual Jaime se refere tem o sobrenome Colocci. É o secretário particular de Lindberg e continua trabalhando normalmente, como nada tivesse acontecido.






quarta-feira, 21 de maio de 2008

Se segura, Lindberg

O deputado federal Luiz Sérgio e o deputado estadual Gilberto Palmares, além de pertencerem o mesmo partido, o PT, tem outra coisa em comum: querem ver o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, bem longe da legenda. Se dependesse dele Lindberg já teria sido expulso há muito tempo. Nos últimos a ojeriza a Farias aumentou bastante.

E aí, Alair?

Um motorista do deputado Alair Corrêa foi preso sob acusação de estupro. Outro, de pedofilia. Está foragido. Na semana passada o vereador Alexandre de Alair foi detido pela polícia transportando várias armas em seu carro. Na Delegacia tudo se ajeitou e ele acabou arrolado apenas como testemunha.





segunda-feira, 19 de maio de 2008

Rejeição à Lindberg aumentou

Pesquisa do IBPS constada que índice contra o prefeito petista vem aumentando desde janeiro.

O prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT) é o pré-candidato mais rejeitado no município. A constatação é do Instituto Brasileiro de Pesquisas Sociais (IBPS), em consulta realizada entre os dias 12 e 15 deste mês. O IBPS ouviu 863 eleitores e a margem de erro visada é de 3,4%. A pesquisa foi protocolada na 82ª ZE sob o número 003/2008. Os índices vêm crescendo desde janeiro e agora chegaram à casa dos 30%, o que representa um crescimento de 6,1% pontos percentuais em relação ao mês de março, quando Farias tinha 23.9% de rejeição. Além desse ponto negativo, a pesquisa constatou que se as eleições fossem hoje Lindberg perderia a Prefeitura para o deputado federal Nelson Bornier.

De acordo com o IBPS, o deputado Nelson Bornier mantém a liderança na disputa pela Prefeitura de Nova Iguaçu. Na terceira pesquisa eleitoral realizada pelo instituto no município, o peemedebista aparece com 31,7% da intenção de votos e o prefeito Lindberg Farias (PT) tem 26%, seguido por Mário Marques (PSDB), com 13%; Rogério Lisboa (DEM), com 2,9%; e Marcelo Lessa (PR), com 2,2%.

Depois de Lindberg Farias o mais rejeitado é Mário Marques (11,7%). Bornier aparece com 10,3%; Ro-gério Lisboa 4,2% e Marcelo Lessa 3%. Do ponto de vista da administração do petista, 35,5% dos entrevistados consideraram o governo de Lindberg ruim ou muito ruim; 30,7% avaliaram como regular; 26,9% consideram bom; e 6,4%, muito bom. Por sua vez, o futuro prefeito de Nova Iguaçu terá que resolver as questões da saúde e do saneamento básico, apontados por 48,5% dos entrevistados como os maiores problemas da cidade.






sábado, 17 de maio de 2008

Juventude na contramão

Sou do tempo em que o jovem ia para as ruas para protestar conta atos dos governos. Sou do tempo onde o jovem seguia em caminhada para reivindicar direitos legítimos, quando o jovem sabia o que queria e o queria era melhor para a maioria. Muitas vezes o excesso fez com que caminhadas pacíficas se tornassem confrontos graves pela maneira até radical daquela juventude que pecava pelo excesso e nunca pela omissão.

Hoje me espanto ao ver os jovens embrulhados na bandeira nacional, queimando símbolos e fotos para defender um governo que humilha, maltrata, deixa de lado as comunidades mais carentes. Me assusto ao perceber que o foco dessa juventude, principalmente a iguaçuana, mudou. Ao contrário de antes, eles não estão mais ao lado das minorias, não gritam mais para que os pequenos tenham voz. Ao contrário, tentam calar a voz de quem clama pela Justiça.

A participação da juventude engajada na política iguaçuana quando da tentativa de cassação do prefeito Lindberg Farias foi, no mínimo, absurda. Ignorando as denúncias, ignorando o mar de lama em que o prefeito se envolveu, foram para as ruas em sua defesa. É claro que têm o direito de demonstrar suas idéias. Embora não concorde com elas vou defender o direito deles de se manifestarem até o fim. Mas, peço apenas um pouco de bom senso. As acusações feitas ao prefeito são muito graves para que o grupo apenas bata no peito e resolva que ele é inocente sem observar o mínimo das provas que estão por todos os lados para quem quiser ver.

Desse jeito, estão na contramão da história. Talvez quando acordarem já seja tarde demais.






sexta-feira, 16 de maio de 2008

Uma morte anunciada

Poucos meses depois de completar 175 anos de fundação, a cidade de Nova Iguaçu vive um escândalo sem precedentes nas últimas décadas. Denúncias e mais denúncias sobre a malversação do dinheiro público surgem a cada dia. Até pedido de intervenção, no município, foi feito pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Dezenas de inquéritos nos ministérios públicos estadual e federal correm em sigilo. A Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) iniciou a investigação de denúncias feitas pela revista Isto É. Mas, o que chama a atenção é quem protagonizou este cenário, onde o mar de lama é o pano de fundo deste grande roteiro de um drama policial.

Atende pelo nome de Luiz Lindberg Farias Filho, prefeito de Nova Iguaçu, o principal personagem deste capítulo sombrio sobre a administração pública municipal. Um jovem que entrou na política liderando outros tantos jovens aguerridos do movimento estudantil, após se declara o responsável pelo afastamento do então presidente Fernando Collor de Mello. Filho de classe média alta, um garoto mimado que chegou a poder sem precisar de realmente conhecer as dificuldades do povo. Rebelde, em Brasília, queria militar na ala mais radical da política, trocando o partido que lhe elegeu, o PCdoB, pelo PSTU. Viu frustrada a sua tentativa de reeleição pela legenda, e logo fez uso do seu oportunismo para filiar-se ao PT, agremiação política que estava na moda na entrada do terceiro milênio. Aliou-se à ala mais radical do PT, mas depois traiu seus pares (Heloisa Helena, Luciana Genro e Babá, fundadores do PSOL) ao pedir as bençãos do então todo-poderoso ministro da Casa Civil, José Dirceu.

O preço da traição que seria pago com o oportunismo, seria o apoio maciço à sua candidatura a prefeito de Nova Iguaçu, local escolhido pelo jovem paraibano para ser o seu laboratório político de práticas abusivas para a manutenção no poder. Mas, é justamente neste laboratório que o recebeu de braços abertos, que o projeto de poder começa a ruir. É em Nova Iguaçu, cidade que lhe foi a mais hospitaleira de todas por onde passou, que lhe dá o seu túmulo político e começa a por fim a um período de mentiras, ambições descontroladas e prevaricações pragmáticas. É nesta terra, onde a sua cultura e raiz foram esnobadas, que se abre o sepulcro político pequeno para quem tem a pequenez exagerada de querer o poder. O jovem que nasceu pequeno na Paraíba, politicamente, começa a morrer pequeno mais ainda na nossa grande Nova Iguaçu.






terça-feira, 13 de maio de 2008

Menos, deputada, menos

A deputada Sheila Gama (PDT) parece mesmo empolgada com esse negócio de ser vice na chapa pela qual o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT) vai disputar a reeleição. Na tarde de sábado, quando a revista “Isto É” chegava às bancas, com uma reportagem de quatro páginas, revelando graves denúncias contra ele, ela mandou essa: “Lindberg Farias tem os mesmos ideais de Leonel Brizola”.

Acho que a deputada anda meio desligada. Talvez não tenha o hábito de ler. Se o tivesse, com certeza saberia que o prefeito ao qual acabara de se aliar, é o pior de toda a história de Nova Iguaçu e - se não bastassem os escândalos de sua administração - é visto como um político sem palavra, muito diferente de Leonel Brizola, um homem para quem palavra dada não pode ser retirada.

Conheci Leonel Brizola em 1983, já governador do estado do Rio de Janeiro e vi nele algo muito diferente do que percebo no ex-líder estudantil Luiz Lindberg Farias Filho, que brinca de governar Nova Iguaçu. Entendo que os interesses que uniram a deputada e o prefeito são grandes, mas compará-lo com Brizola é inaceitável. Lindberg Farias não tem condições nem de limpar as botas do grande líder que foi Leonel Brizola, quanto mais de ser comparado a ele.


Diz ai, vereador

A matéria da revista “Isto É” deixou o vereador iguaçuano Marcos Fernandes em má situação ao reproduzir a fala da ex-secretária Lídia Esteves: “A aposentadoria do pai do vereador Marcos Fernandes é 500 paus e ele está levando seis mil. Eu tirei de todo mundo. Na hora de tirar do pai do Marcos Fernandes não deixaram. Aí nomearam o pai dele, ele, a mulher, a filha, todo mundo. Passou de seis mil, passou para 60 mil.”

Fernandes terá muito o que explicar. Principalmente a seus pares.


Quem cala...

Os vereadores da base de sustentação do prefeito Lindberg Farias andam muito calados nos últimos dias.


Pode ser

O PMDB já tem um nome para substituir Núbia Cozzolino na disputa pela Prefeitura de Magé: o vereador Amsterdan Viana.


Queda de braço

O prefeito de Angra dos Reis vai lançar o sobrinho Tuca para sucedê-lo na Prefeitura. Resolveu medir forças com Jorge Picciani, que queria outro nome.


Na disputa

Com 80 anos de idade o ex-prefeito de Nova Friburgo, Heródoto Bento de Mello quer voltar ao cargo. É o pré-candidato do PSC. Outro que pretende retomar o poder é o ex-prefeito de Rio Bonito, Ayres Abdala, também pelo PSC.


Corretíssimo

O deputado Audir Santana, do PSC, não perdoou o colega de partido, Marco Figueiredo. Votou pela suspensão do mandato do companheiro acusado de envolvimento com a máfia do auxílio-educação que arrombou os cofres públicos em R$ 3,5 milhões.






Chega de sacanagem

O melhor programa de computador para processar grandes folhas de pagamentos - como a da Prefeitura de Nova Iguaçu, por exemplo - a venda no Brasil, pode ser adquirido por, no máximo R$ 40 mil, mas o prefeito Lindberg Farias (PT), preferiu pagar 30 vezes mais, pois precisava ajudar o irmão Fred. Para isso ele fez um contrato com a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco (Fade), que se encarregou de contratar uma empresa ligada ao então secretário municipal de Fazenda, Francisco José de Souza, o Chico Paraíba e a Frederico Farias. Essa empresa embolsou R$ 1,2 milhão e a folha de pagamento da Prefeitura passou a ser rodada na Paraíba.

Isso é fato. Não há o que negar, mas o prefeito determinou que sua assessoria divulgasse uma nota oficial desmentindo, como se quisesse passar um atestado de burro para os iguaçuanos. Também é fato é que muitos outros contratos estranhos foram assinados com fundações e ONGs. O ideal, nesses casos, seria fazer uma devassa nesses contratos, mas certamente o povo não poderá contar com o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Sabem por quê? Porque um dos homens mais influentes nessa corte, o conselheiro Aluizio Gama, é o “dono” do PDT de Nova Iguaçu e costurou o acordo que garantiu ao partido um bom espaço no (des) governo Lindberg Farias e assegurou para sua esposa, a deputada Sheila Gama, a vaga de vice-prefeita na chapa de Farias, que é considerado o pior gestor que o município teve nos últimos 20 anos.

A verdade é que o PT transformou a administração municipal em um grande balcão de negócios e a população perdeu a confiança nas instituições. A coisa é muito séria. Lindberg não é dono de Nova Iguaçu e o município está muito acima dos interesses dele e dos da família Gama que, aliás, nunca fez nada por esse povo que, em 1988, empolgado com o discurso de um dos maiores líderes que esse país já teve - Leonel de Moura Brizola - escolheu um forasteiro chamado Aluizio Gama para prefeito.

Nova Iguaçu não merece tantos escândalos e povo não pode continuar pagando por ter escolhido um aventureiro para conduzir os destinos dessa grande cidade. Então, só tem um jeito: gritar bem alto, em uníssono, CHEGA!!!






segunda-feira, 12 de maio de 2008

Lindberg, o cara-de-pau

“Foi tudo armação política contra mim. Isso é coisa da oposição”. Foi com essa declaração que o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), respondeu as graves denúncias reveladas pela revista “Isto É” no último final de semana. Fez isso, é claro, para não ter que se explicar. O que leva o prefeito a atribuir aos adversários as irregularidades de seu governo? Isso, com certeza, só ele poderá responder.

Será que foi a oposição que pegou a folha de pagamento da Prefeitura e levou para ser rodada na Paraíba, para atender aos interesses de Fred, irmão de Lindberg? Foi a oposição que nomeou Fausto Severo, Estela Aranha, Chico Paraíba, Jaime Orlando e outros tantos forasteiros que só vieram para Nova Iguaçu para aprontar?

E os contratos com as cooperativas? Quem os assinou senão Luiz Lindberg Farias Filho? Tem ainda aquela mutreta da Gráfica Lastro. É, deve ter sido mesmo a oposição que pagou R$ 1,8 milhão ao Sr. João Moroni por receituários que nunca chegaram aos postos de Saúde.

Toma jeito, Lindberg. Seja homem, macho – como se diz lá em sua terra natal – e assuma as besteiras que fez.






domingo, 11 de maio de 2008

Um mar de lama em Nova Iguaçu

A edição da revista Isto É que veiculou matéria revelando graves denúncias contra o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, desapareceu das bancas da cidade. Assessores do prefeito correram para comprar o maior número de exemplares possíveis para evitar que a população tomasse conhecimento. O blog posta aqui, na íntegra, a reportagem assinada pelo premiado jornalista Mino Pedrosa e indica, ainda, o site da revista: www.istoé.com.br

EXCLUSIVO
Os esquemas do ex-líder estudantil Fitas de vídeo e grava
ções com ex-assessores revelam como o ex-presidente da UNE Lindberg Farias se envolveu com uma série de fraudes e casos de propina depois que virou prefeito

Por MINO PEDROSA


LINDBERG Em Nova Iguaçu, funcionários fantasmas, favores à mulher e ao irmão, Fred Farias

Nascido em 8 de dezembro de 1969, quase um ano depois que o AI-5 mergulhou o País nas trevas da repressão política, o paraibano Luís Lindberg Farias Filho se tornaria nacionalmente conhecido como um dos mais importantes líderes estudantis da geração surgida com a redemocratização. Em 1992, como presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lindberg liderou o renascimento do movimento estudantil ao colocar nas ruas os chamados "caras-pintadas", que pediam o impeachment, por corrupção, do então presidente Fernando Collor de Mello - ele acabaria renunciando em dezembro daquele ano. Enrolado na bandeira da ética na política, Lindberg elegeu-se deputado federal pelo PCdoB em 1994. Recebeu nota dez do Diap e bandeou-se para a extrema-esquerda, no PSTU - o que lhe custou a reeleição em 1998. Entrou para o PT e voltou à Câmara em 2002, na esteira da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. Dois anos depois, elegeu-se prefeito de Nova Iguaçu (RJ) - cidade que tem o quarto orçamento do Estado do Rio de Janeiro - com o apoio entusiasmado do presidente Lula e da cúpula do PT. Agora, em plena campanha pela reeleição, Lindberg Farias está enfrentando graves denúncias de corrupção feitas pela ex-secretária de recursos humanos Lídia Cristina Esteves, que o acusa de montar um esquema na prefeitura para se manter no poder. Além disso, várias ações suspeitas de seu governo estão sendo investigadas pelo Ministério Público Estadual (MPE) do Rio de Janeiro, pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). ISTOÉ obteve com exclusividade fitas gravadas em que assessores e ex-assessores acusam o prefeito de montar um esquema que beneficia empresas que financiaram sua campanha política, paga propinas a funcionários, dá cargos e dinheiro a vereadores em troca de apoio político e conduz licitações viciadas. Um deles, Jaime Orlando, ex-presidente da Comissão de Licitação, diz que Lindberg "trata as coisas e depois eu é que tenho que me virar para atender".

Um dos casos mais graves ocorreu na área de educação. Há alguns meses, a Secretaria de Educação de Nova Iguaçu foi denunciada pelo Ministério Público Estadual por causa de uma licitação superfaturada para compra de merenda escolar em 2006. Esta denúncia provocou o afastamento da secretária de Educação, a vereadora Marli de Freitas, e do presidente da Comissão de Licitação da prefeitura, Jaime Orlando. Por conta disso, o MPE determinou o bloqueio das contas e a indisponibilidade dos bens de Marli e de Orlando. Também na área de educação ocorreu outro caso polêmico, a contratação do Instituto Paulo Freire para elaborar o arcabouço pedagógico do Programa Bairro-Escola, carro-chefe do prefeito na área de educação. A responsável pelo programa era a mulher do prefeito, Maria Antônia Goulart. A ex-secretária de recursos humanos da prefeitura Lídia Cristina Esteves diz que havia desvio de dinheiro do programa para o prefeito e sua mulher. O convênio da ONG com a prefeitura custa aos cofres municipais R$ 800 mil por ano.

CONFRATERNIZAÇÃO (da esq. para a dir.) Fausto Trindade, David Escaleira (diretor da Cemig), seu motorista e Jaime Orlando

O MP também investiga irregularidades na Secretaria de Saúde do município. Na campanha de 2004, o empresário João Moroni, proprietário da Gráfica Lastro, situada no bairro de São Cristóvão, apresentou-se a dois dos principais assessores de Lindberg, Antonio Neiva Moreira, coordenador da campanha, e Francisco José de Souza, o "Chico Paraíba", que depois ocuparia o cargo de secretário da Fazenda do município, oferecendo

-se para ajudar na campanha em troca de serviços futuros no governo. Moroni já havia colaborado em outras campanhas do PT. Em 2005, no primeiro ano de governo, a Gráfica Lastro ganhou a licitação para fornecer material para a Secretaria de Saúde, um contrato no valor de

R$ 1,8 milhão. No início de 2006, Chico Paraíba - já secretário da Fazenda - e Neiva Moreira solicitaram a Moroni ajuda para a campanha de Vladimir Palmeira, candidato petista ao governo do Estado. Em contrapartida, segundo a de

núncia, houve um aditamento de 100% no valor do contrato da Lastro. O material da Secretaria de Saúde, contudo, nunca foi entregue. Uma CPI foi aberta na Câmara dos Vereadores, mas não deu em nada - Lindberg controla 16 dos 20 vereadores de Nova Iguaçu.

CARA-PINTADA Lindberg Farias quando pedia ética na política


Ainda na Secretaria de Saúde, três cooperativas que contratam pessoal nessa área financiaram a campanha de Lindberg: a Total, a Captar-Cooper e a Multiprof. A Total Saúde pertence aos irmãos Walter e Wagner Pellegrino, que começaram a atuar na administração do governador Marcelo Alencar (1995-1999). Há pouco tempo, ela ganhou a licitação para administrar o Hospital de Acari, da Prefeitura do Rio de Janeiro, e tem em

suas mãos todos os postos de saúde do Rio e o Hospital de Posse. A Total está sendo investigada pelo MPT por suspeita de colaborar em campanhas eleitorais e posteriormente prestar serviços a prefeituras. Já a cooperativa Captar-Cooper, que também ajudou na campanha eleitoral de 2004, entrou em janeiro último com um termo aditivo ao contrato no valor de R$ 43.415.281,20, contrariando parecer do MPT. Na segunda-feira 5, o MPT requereu a intervenção em Nova Iguaçu por causa de nãocumprimento de decisão judicial que impede a contratação de trabalhadores por meio de cooperativas. Documentos do MPT mostram que a Captar-Cooper fornece cerca de mil trabalhadores "cooperados". "A contratação de trabalhadores por intermédio de cooperativas, além de prejudicar o

s contratados, que têm vários de seus direitos sonegados, constitui fraude ao princípio do concurso público", diz o procurador do Trabalho Carlos Augusto Sampaio Solar. A Multiprof apenas colaborou com a campanha.


CÍRCULO DO PODER Chico Paraíba (à esq.) e Fausto Trindade, a dupla

poderosa que controla o esquema montado em Nova Iguaçu.

Estela Aranha, do PT de São Paulo, é ligada a Trindade

O círculo de poder em torno de Lindberg está sob suspeita de montar um esquema gigantesco de corrupção. O primeiro nome desse círculo é o de Chico Paraíba, médico radicado no Rio de Janeiro, amigo e sócio do prefeito em vários empreendimentos empresariais. Ele foi tesoureiro da campanha e virou secretário da Fazenda do município. Todas as contas e liberações de verbas da prefeitura passavam por Chico Paraíba. Ele acumulou o cargo de secretário da Fazenda com a presidência do Instituto de Previdência de Nova Iguaçu (Previni). Outro assessor muito próximo do prefeito é Jaime Orlando, velho amigo de Lindberg dos tempos do movimento estudantil da PUC-RJ. Na época, ele chegou a dividir o apartamento com o prefeito. Como presidente da Comissão de Licitação de Nova Iguaçu, centralizou todas as compras do município, mesmo em áreas que desfrutavam de autonomia, como a Secretaria da Saúde. Um processo no MP que identificou um desvio de R$ 600 mil para a empresa de comunicação Supernova Mídia obrigou-o a se afastar do cargo. Outro colaborador de Lindberg é Fausto Severo Trindade. Ex-assessor do ministro Guido Mantega, quando este ocupava a Pasta do Planejamento, ele virou uma espécie de curinga da administração de Nova Iguaçu. Na assessoria especial, com status de secretário, ele teria sido o responsável pela montagem de um "mensalinho" na Câmara Municipal de Nova Iguaçu, segundo denúncia de Lídia Cristina Esteves. Através desse esquema, por meio de cargos e favores, ficou garantido o apoio político à administração. Evitou-se que várias CPIs fossem adiante. Depois, como secretário de Administração, Trindade ficou responsável pela movimentação da folha de pagamento da prefeitura, subordinado à Comissão de Licitações. Trindade deixou a prefeitura com a expectativa de ganhar a Secretaria Executiva do Ministério de Minas e Energia. Completava o grupo a paulista Estela Aranha, ex-secretária de Controle, ligada a Trindade.



NOVA IGUAÇU O quarto orçamento do Estado do Rio


A ex-secretária de recursos humanos da prefeitura Lídia Cristina Esteves foi contratada para montar toda a estrutura de pessoal camuflando os cargos oferecidos aos vereadores - centenas, segundo ela. Cada vereador envolvido tinha cerca de 100 cargos à disposição - muitos deles são fantasmas, mas todos os nomes listados retiravam pagamentos mensalmente no banco. Segundo Lídia, a folha de pagamento da prefeitura era rodada em João Pessoa, capital da Paraíba, por uma empresa ligada a Chico Paraíba e ao irmão do prefeito, Frederico Farias. Essa empresa foi contratada por R$ 1,2 milhão através de uma fundação, a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco (Fade). Seria uma alternativa para burlar o processo licitatório convencional.

O prefeito Lindberg Farias responde a duas ações civis por improbidade administrativa na Justiça fluminense proposta pelo MP do Rio de Janeiro. Uma delas refere-se à contratação de uma militante do PT de Belém, Valéria da Cunha Santos, para um cargo inexistente na estrutura da prefeitura. A outra refere-se à contratação da Muripi Comunicação Integrada, cujo nome anterior era Supernova Mídia Comunicação, com sede em São Paulo. Esta empresa fez o projeto de marketing da campanha de Lindberg à prefeitura e foi contratada, em 2005, para prestação de serviços por seis meses, por R$ 598.460. Para o MP, houve irregularidade na licitação. Outra empresa havia proposto fazer o mesmo trabalho por menor preço. Nesta ação, a Justiça determinou o seqüestro dos bens de Lindberg e da empresa. Existem ainda oito investigações, civis e criminais, no âmbito da Procuradoria Geral da Justiça do Rio. Algumas foram iniciadas há quase três anos.

O procurador-geral da Justiça do Rio, Marfan Martins Vieira, não quis falar à ISTOÉ sobre a possibilidade de que a lentidão das investigações resulte numa espécie de proteção a Lindberg. Ele disse, através de sua assessoria de comunicação, que estava muito ocupado.



Lídia Cristina Esteves revela o que sabia sobre o esquema do governo Lindberg

Lídia Cristina Esteves ocupou o cargo de secretária de recursos humanos no início do governo Lindberg, montando toda a estrutura de cargos e salários. Ela foi obrigada a permitir que toda a folha de pessoal da prefeitura fosse rodada na Paraíba, sob o comando de Frederico Farias, irmão de Lindberg. Lídia diz que, ao perceber a facilidade com que nomes eram colocados na folha de pagamentos da prefeitura, resolveu colocar três de sua escolha. Flagrada por um colega, foi exonerada pelo secretário de Governo, Fausto Severo Trindade, que prometeu continuar honrando seu salário, mas não o fez. Em uma gravação obtida por ISTOÉ, ela faz revelações sobre o funcionamento desse esquema.

- Toda essa alteração tem a minha assinatura e a do Fausto... Limpar isso é impossível, sabe por quê? Sabe qual é o grande erro de lá? É o excesso de cargos, uns 400 cargos. Isso é impossível de limpar de um dia para o outro. Não tem como limpar porque é retroativo, de agosto do ano passado. Agosto do ano passado é um tempão! Tem a parte toda de estagiário que está totalmente ilegal.

- Eu devo tipo 800 pratas. Porque, com minha mãe doente, eu tenho muito custo e eu tive que fazer empréstimos. Tenho três empréstimos.


- O Fausto chega na minha sala e diz: "O que você está fazendo?" Aí eu falei: Porra, eu tô cruzando cooperativas (verificando o número de funcionários das cooperativas. Muitos são fantasmas). "Pára com isso! Pára com isso agora. Porque isso não interessa! Aqui quem te dá as prioridades sou eu". Tem gente com três, quatro empregos. Tem uma médica que ganha de três lugares. Eu não sei o nome, não. Mas tenho nome pra

- Dois mil e porrada (funcionários municipais). Quando a gente entrou lá, tinha mil. São pessoas dos vereadores.

- Ele (Fausto) pegou o dinheiro para a Maria Antônia (mulher de Lindberg). Eu falei: Olha, Fausto, cuidado. Tem três processos que são de arrepiar. O primeiro, o da Fundação...aquela fundação de São Paulo, o Instituto Paulo Freire. R$ 440 mil para fazer a estrutura da educação e quem fez tudo fui eu.

- Que nada, eu não roubei, eu botei três pessoas nomeadas na minha conta e acho que eu tenho esse direito, tem gente com 60. Tem a Neide, tem mais de 20 num gabinete.

- Foi muito estranho, foi o seguinte: eu tenho o Banco do Brasil, eu tenho a Caixa Econômica. A palhaça aqui paga a Caixa, manda o arquivo inteiro para a Caixa, faz os testes todos da Caixa e a folha de pagamento minha sabe onde é que é paga? Na Paraíba. A Caixa é aqui. E aqui, não é João Pessoa. A folha é da Fundação de Amparo à Pesquisa da Cidade de João Pessoa. Um contrato de R$ 1,2 milhão. Você compra uma folha aí, qualquer titica por 40 pratas, não compra? E a folha fica em João Pessoa, olha, a lista fica em João Pessoa. O destino dela é João Pessoa. Na conta do Chico, quando eu cheguei lá estavam 600 (cargos).

"Eu tenho medo, muito medo. Eu estou sem dormir"

- A aposentadoria do pai do vereador Marcos Fernandes é 50 0 paus e ele está levando seis mil. Eu tirei de todo mundo. Na hora de tirar do pai do Marcos Fernandes não deixaram. Aí nomearam o pai dele, ele, a mulher, a filha, todo mundo. Passou de seis mil, passou para 60 mil.

- Acho o Jaime (Orlando) uma pessoa legal, mas ele está no bolo, né. Tô preocupada com ele, não vai durar muito.

- Bandidagem, eles chamam. Sabe como Neiva (secretário de Articulação Política) trata aquilo: é quadrilha. Trata-se de quadrilha. Na cooperativa eu sei que o Chico passa o dinheiro para o Fausto.

- Eu tenho medo, muito medo, desde o ano passado. Eu falei: cara, eu tô sem dormir. Eu durmo, eu durmo com os seus mapas (de cargos) embaixo do meu travesseiro.


Os principais personagens do caso Lindberg foram filmados contando dinheiro e revelando tramas comprometedoras

R$ 150 MIL NA MOCHILA

Numa tarde no final do mês de março, Jaime Orlando, assessor do prefeito Lindberg Farias, se encontra com um personagem não identificado. Ele carrega uma mochila preta às costas, traja calça jeans, camiseta com uma estampa no peito na qual se lê Life Guard (salva-vidas, em inglês) e porta R$ 150 mil guardados na mochila. Em seguida, Jaime usa uma máquina de contar cédulas e faz

comentários sobre a administração e o comportamento de Lindberg.

- O Lindberg tem essa mania. Trata as coisas e depois eu é que tenho de me virar para atender. Tive que conseguir em uma empresa esse dinheiro porque fui o avalista desta história.

- Estou chateado com essa história do Renato (Colocci, secretário particular do Lindberg), me fez correr atrás, desesperado, de R$ 60 mil, no mesmo dia, dizendo que era para o Marfan ( procurador-chefe do MP do Rio de Janeiro). Eu me preocupo porque o meu processo está lá. Se eu deixar, o Lindberg não acompanha. Ele me disse que está tudo sob controle.

- Quando os caras (donos de empresas que prestam serviços ao município de Nova Iguaçu) estão com suas faturas em atraso, eles vêm em cima de mim, porque eles cumprem todo mês a parte deles.

- O Lindberg trata as coisas e as pessoas ficam o tempo todo me cobrando.

30% COM O CHICÃO

Elza Helena Barbosa era secretária de Francisco José de Souza, o Chico Paraíba, secretário de Fazenda e tesoureiro da campanha. Ela procurou um amigo que gravou a conversa em que ela revela o desvio de verbas da prefeitura para um esquema pessoal do seu chefe com o irmão de Lindberg.

- Daquela última fatura de R$ 4 milhões, 30% ficou com o Chicão (empresário e prestador de serviço da prefeitura, do setor de saneamento).

- Chico (Paraíba) mandava fazer os depósitos para o Fred (Frederico Farias, irmão de Lindberg), usando uma construtora, uma tal de construtora Flamboyant, lá na Paraíba. Foram vários depósitos, inclusive tenho guardados comigo todos os documentos.

- É um absurdo o Hospital da Posse daquele jeito e eles metendo a mão no dinheiro que é para a saúde, para a merenda. Se a polícia me chamar, eu conto tudo, tenho tudo documentado.

"O Lindberg trata as coisas e as pessoas ficam me cobrando"

- Eu tenho comprovante de depósito, tenho quais foram as contas que eu mandei. Ele (Chico) agora está namorando a minha irmã. Pega um avião aqui e vai com minha irmã só para passar uma noite em São Paulo. O Chico está investindo em imóveis lá em São Paulo, comprou um flat tudo com dinheiro daqui. Se eu quisesse me beneficiar desse esquema sujo, para mim era fácil, mas acho uma sacanagem. Dinheiro da saúde, da educação é sacanagem.




O último a sair apaga a luz

A decisão do TRE de endurecer e impedir que candidatos com passagem pela Justiça concorram, deixou muita gente em estado de alerta. Se medida tiver eco nos Tribunais de Justiça pode ser o começo de uma grande mudança no país e, principalmente, nos municípios. Em Nova Iguaçu, por exemplo, se a decisão passar ainda para as eleições de outubro próximo teremos uma verdadeira reviravolta. Falando apenas dos pré-candidatos à Prefeitura, nenhum dos principais poderá concorrer. É bom a sociedade ficar alerta para isso já que outros terão uma grande chance.

O deputado federal Nelson Bornier tem 11 processos na Justiça. A maioria deles por problemas em processo de licitação. O governo Bornier gerou na Justiça Civil cerca de 100 processos. Alguns ainda estão sendo resolvidos mas a maioria foi arquivada. No entanto, o que vai pesar para o TER são os 11 que estão em nome dele e não do município. O também deputado federal Rogério Lisboa tem apenas um processo que pode atrapalhar sua carreira política. Ele foi denunciado por um ex-cabo eleitoral.

Rogério teria feito um acordo com o então colaborador, assinado em cartório, em troca de votos. Mas, dos três, o ex-líder estudantil é o que mais tem problemas a enfrentar. Lindberg Farias tem 7 processos por improbidade, pelo menos dois inquéritos e vários procedimentos. O governo dele gerou quase 300 processos na área Civil. Logo no primeiro ano de governo ele ficou com os bens indisponíveis por possíveis irregularidades em processos de licitação.

Lindberg é o recordista dos três. Mesmo com menos tempo de governo do que Bornier, o rapaz conseguiu acumular processos no Tribunal de Justiça Estadual e Federal, sem falar em irregularidades apontadas pelo TER. No momento, o prefeito enfrenta uma possível intervenção na cidade o que não acontecia em Nova Iguaçu há mais de 20 anos. Segundo analistas políticos, a passagem de Lindberg pela cidade foi a mais desastrosa de todos os tempos. Nem o prefeito cassado, Paulo Leone, teve tantos processos como Lindberg. Portanto, se a moda pega Nova Iguaçu terá nomes desconhecidos na disputa para prefeito.






segunda-feira, 5 de maio de 2008

Prefeito de saias 2

Na última sexta-feira tomei alguns chopinhos com um membro dessa desastrosa gestão que o PT faz em Nova Iguaçu. Ele apareceu por acaso e sem cerimônia puxou uma cadeira e sentou-se à minha mesa. Aliás até hoje não sei o que essa figura faz no (des) governo Lindberg Farias, já que pensa tão diferente dos Neiva, Maria Helena, Maria José e outros tantos que acham que Nova Iguaçu é extensão do quintal da casa deles.

Entre outras coisas o “convidado” me disse que o ponto facultativo daquela sexta só saiu porque a secretária de Governo, Maria José de Andrade, assim o quis. “O prefeito havia decidido que não assinaria o decreto. Ela insistiu com ele, dizendo que o pessoal que mora fora precisava viajar. Lindberg cedeu e assinou”, disse, para em seguida emendar: “Tem sido assim em muitas coisas. O prefeito é mandado. Não manda. Só assina”.

O “convidado” pediu mais um chopinho e disse da raiva que os que mandam em Lindberg tem desse jornalista. “Ele te respeita. Não te contesta porque sabe que o que você aponta são os erros absurdos, incontestáveis e que acabarão por arruinar a carreira dele. Lindberg ficou furioso com a matéria sobre o empacamento do PAC, mas teve de engolir, porque as obras estão mesmo paradas por falta de pagamento”, afirmou.

Antes da terceira tulipa meu “convidado” arrumou tempo para contar que Lindberg anda muito preocupado com as ações judiciais movidas contra ele e teme que o procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira resolva botar para fora os pepinos que estão por lá. Sobre a mania que o governo tem de não pagar o que deve, prejudicando trabalhadores contratados através de cooperativas, fornecedores, prestadores de serviços e as clínicas conveniadas, o “convidado” disse que a responsabilidade seria das duas secretárias, que, segundo afirma, “sentam em cima dos processos”.



Mais um calote

Os funcionários lotados nos postos de Saúde, unidades mistas e Hospital da Posse, contratados através de cooperativas, podem cruzar os braços nos próximos dias. Eles estão há dois meses sem salários.



Haja Lexotan

Um vereador de Nova Iguaçu está com uma insônia danada. Perdeu sono há uns dois meses quando uma das pessoas nomeadas em seu gabinete o encostou na parede, ameaçando denunciá-lo caso ela não passasse a receber integralmente o salário ao qual tem direito e não apenas os 30% que ele vinha repassando. Se essa moda pegar...




Mais um

Essa semana o prefeito Lindberg Farias poderá receber mais uma notícia ruim: o PSDB está quase fechando uma composição com o PMDB do deputado Nelson Bornier. Se isso acontecer vai ter debandada geral no Palácio das Almas.




É mesmo coisa de bobos

Dois bobalhões de uma Prefeitura do Sul Fluminense continuam tentando intimidar quem não baixa a cabeça para eles, se dizendo amigos de autoridades policiais e do Poder Judiciário. Agora citam até o nome de um desembargador como se isso lhes garantisse alguma imunidade.




Prato feito

Os deputados Sandro Matos (PR) e Marcelo Simão (PMDB), pré-candidatos à Prefeitura de São João de Meriti, dizem que o prefeito Uzias Mocotó (PSC) é o adversário que eles pediram a Deus.





sábado, 3 de maio de 2008

Mais R$ 16 milhões sem licitação

Há um mês uma fonte graduadíssima me disse que o contrato com a cooperativa Total Saúde estava em vigência sem que o termo que o prorrogava tivesse sido assinado. Pois é, no dia 30 de abril o Diário Oficial trouxe a publicação. O termo aditivo 004 ao contrato 012 da secretaria municipal de Saúde prorrogou a validade de um contrato de R$ 16.290.626,76, sem o devido processo licitatório. O termo tem a data de 31 de janeiro e assinatura do prefeito Lindberg Farias.

Ao que parece os ex-secretários de Saúde, Marli Freitas e Henrique Johnson não quiseram por a mão no fogo. O atual, Walney Rocha, também não.




Prefeito de saias

Ontem foi ponto facultativo em vários municípios fluminenses. Em Nova Iguaçu não seria. Pelo menos era essa a decisão do prefeito Lindberg Farias (PT) até que a secretária de Governo, Maria José de Andrade, fez pé firme: “Tem de assinar o decreto sim, prefeito. O pessoal de fora precisa viajar”. Lindberg assinou e assim foi feita a vontade da secretária.

Esse é apenas um dos muito casos contados a este jornalista por uma fonte que costuma sentar à mesa com o prefeito. Me disse a fonte que muitos fornecedores e prestadores de serviço estão sem receber a meses por conta o poder exercido sobre Lindberg por Maria José e pela secretária de Fazenda, Maria Helena Alves.

Será que elas são mesmo tão poderosas assim?




Nem quando pode


Produtor confirma que cheques não foram pagos

e dívidas da Prefeitura de Nova Iguaçu já passam de R$ 40 milhões.

O empresário Teodoro Moreira de Bitiato, dono da produtora Patto Rocco confirmou que realmente ainda não recebeu pelos serviços de produção de programas de televisão prestados ao hoje prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), em campanhas anteriores, conforme noticiaram os jornais Hora H e Extra. Teodoro, que produziu os vídeos exibidos nos programas eleitorais de Lindberg nas campanhas de 1998 e 2000, declarou que Lindberg emitiu quatro cheques do Banco do Brasil, no valor de R$ 5 mil cada um e que dois deles foram devolvidos pelo Banco Itaú, onde Moreira os depositou. Ele explicou ainda que como os dois primeiros voltaram ele decidiu não depositar os outros e entrou em contato com Farias, que prometeu pagar a dívida. “A verdade é que fiquei no prejuízo”, completou Teodoro.

Lindberg foi procurado para falar sobre o assunto, mas não foi encontrado. Sua assessoria não deu nenhuma declaração. O produtor lembra que a campanha do PSTU em 1998, por exemplo, foi destacada pela imprensa como “os segundinhos que incomodavam”, graças à criatividade de Teodoro, que resolveu amenizar a programação eleitoral com desenho animado. A dose foi repetida dois anos depois com o mesmo sucesso. Os desenhos, que iam ao ar durante 41 segundos em rede nacional e 30 segundos no estado do Rio de Janeiro, satirizavam o presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Leonel Brizola, que chegaram a pedir direito de resposta na Justiça. Cesar Maia e Luiz Paulo Corrêa da Rocha também recorreram ao TRE. “Foi um grande sucesso, mas fiquei sei o pagamento”, finalizou Teodoro, que já perdeu a esperança de receber a dívida.



A capanha foi um sucesso, mas o produtor levou um "beiço"



Prefeitura não paga e obras são paralisadas

Não é apenas o produtor de televisão que ficou no prejuízo. Dezenas de pessoas e empresas também reclamam e muito. Não da pessoa física Lindberg Farias, mas do prefeito. Desde janeiro de 2005 muita gente que fez negócios com a Prefeitura de Nova Iguaçu vem acumulando perdas. De projetos a alugueis de imóveis a administração municipal deve de tudo. A maioria das obras iniciadas na onda do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) está parada por falta de pagamento. Várias empreiteiras já deixaram as frentes de obras. Recuperação de praças, reformas e ampliação de escolas também estão paralisadas.

“Não dá para trabalhar para a Prefeitura de Nova Iguaçu. A gente entra numa licitação, assina o contrato e começa a trabalhar. Meses depois somos obrigados a parar por falta de pagamento”, disse o representante de uma empresa que foi contratada para reformar uma praça no bairro Califórnia e teve de parar.

Por causa da falta de pagamento escolas e postos de saúde que funcionam em imóveis alugados podem fechar as portas a qualquer momento. Na longa fila de espera estão os proprietários dos prédios onde funcionam o Centro de Controle de Vetores, a secretaria de Transporte, os conselhos tutelares e o Posto de Saúde no bairro Palhada. Também estão atrasados os pagamentos dos funcionários que trabalham em cooperativas, o pagamento dos fornecedores e das clínicas conveniadas.

De acordo com pessoas ligadas ao governo, a dívida já ultrapassa os R$ 40 milhões e um dos casos mais preocupantes é da Companhia de Desenvolvimento de Nova Iguaçu (Codeni). A dívida já passa de R$ 5 milhões. São mais de 300 ações trabalhistas na Justiça. Alguns conselheiros da empresa já deixaram o cargo porque não quiseram se responsabilizar pelo problema. “A gente sofre com essa administração. Se procuramos o prefeito ele não nos atende. Quando o encontramos por acaso ele nos abraça e manda chamar as secretárias de Governo e Fazenda e ordena que elas providenciem o pagamento. Maria José de Andrade e Maria Helena Alves fingem que obedecem e ele finge que realmente manda e a novela segue”, afirma outro empreiteiro.